Talvez vc não conheça o Gejo, o Maldito, pessoalmente mas já deve ter visto a arte dele pelas ruas da cidade. Gejo é um dos famosos personagens urbanos que levou o grafite dos muros pras galerias.
Mesmo tendo conquistado a elite paulista ele não perdeu sua essência, pelo lado maldito ele é crítico, protesta, questiona, dialoga com personagens dando asas a vermes peçonhetos pseudo asquerosos.
Primeiro Gejo interferiu na poluição visual da cidade, ele e sua turma pegavam, a noite, essas placas do tipo “vende-se” grafitava e devolvia, assim a arte era deixada na rua, portas de edifîcios, esquinas, pontos de onibus, pra quem tivesse afim de pegar.
A brincadeira do artista que nunca deixou a rua virou evento, o Free Art FEST a Monica Figueiras topou o festival e abriu a galeria. A proposta é: os artistas doam obras e a população pode pegar de graça, o movimento formal aconteceu.
Eu conheci Gejo, o Maldito na rede social e ele me convidou a participar, doei 5 fotos do meu arquivo de casas de parteiras, uma pra cada edição.
A 7º edição do Fre ART fest foi dia 26 de março, na véspera o jornal Destaque (de circulação livre) fez uma matéria, veja bem o “poder dos gratuitos” uma midia free notíciando uma galeria de elite que doava arte a população, esse era o assunto do lado de fora.
Sabadão ensolarado, a fila na Bela Cintra chamava atenção, o primeiro chegou as 6:00 da manhã. Eu me achando prudente cheguei as 10:00 (fui número 71), moradores do bairro não entendiam nada, “arte de graça?” Alguns moradores iam pra fila também.
Chegava gente, chegava gente… todas as idades, todas as classes sociais, todas as classes culturais, sem privilégio. Quer uma obra? Fique na fila! Senha as 11:00.
Eu perguntei pro pessoal da fila, todos estavam ali ou por meio do jornal gratuito ou por meio da rede social que também é gratuita.
Simplesmente incrível estar vivendo isso! Nem idoso, nem criança, nem expositor todo mundo tinha o mesmo direito. “ É por órdem de chegada, fila, senha, uma obra por senha!”
Muito burburinho, 200 senhas distribuídas, depois as portas da galeria foram abertas, um entre e sai de gente, um vai e vem, cada um namorando uma obra,
até às 14:00 quando as portas foram fechadas, mais tumulto,
música, dança, arte ao vivo lá fora
chamados de dez em dez números os privilegiados entravam e escolhiam uma obra
cada um que saía era um alívio ou uma tristeza
Cada um com um sorriso no rosto.
Essa obra é minha, eu tenho senha!
O Gejo é reconhecido pelo grafite do tatu amarelo, na minha vez de escolher, encontrei um tatu vermelho, não tive dúvida, bateu aquela minha vocação de “essência do feminino” e eu pirei ao imaginar que era uma tatu menstruada num fundo cheio de rendas e fricotes verde amarelo.
Bendito seja essa “maldito” a próxima edição 30 de abril