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CONTATO COM MANDELA


museu do Apartheid

Hoje dia 05 de dezembro de 2013 me sinto emocionada por viver na mesma época que viveu Nelson Mandela, um homem que lutou para mudar seu país e acabou mudando o mundo.

(esse post é minha forma de contribuir com as homenagens ao iluminado Nelson Mandela, obrigada Madiba!!!!!)

Ao passar por Cape Town, vc pode se apaixonar pelas belezas geográficas da cidade ou se impressionar com a história de escravidão e discriminação racial que eles viveram até pouco tempo atrás.

Só é possível sentir o peso da história que foi esse período se vc tiver estomago pra visitar Robben Island , agora tombada, e sentir a presença de Nelson Rolihlahla Mandela, que ficou preso durante 26 anos, por ser ativista político e o principal responsável pelo fim da segregação social, que dividiu a população em brancos, negros e indianos


A ilha, teve uma vila habitada com casas, igreja, mesquita, escolas, depois foi usada como descarte de leprosos, que eram abandonados aqui ao vento e frio. A partir da 2º Guerra, passou a ser penitenciária, masculina para negros, criminosos comuns da África do Sul e alguns países vizinhos e prisioneiros políticos.

o mar entre Robben Island e Cape Town, Table Mountain

A vista é privilegiada para Table Moutain, a cidade aparece até relativamente perto, mas a água é tão gelada que é suicídio, para um ser humano, mergulhar nesse mar, ele morreria de hipotermia em alguns minutos, só os pingüins andam livremente entre a praia e o mar.

Durante o dia os prisioneiros quebravam pedras ao ar livre, 365 dias por ano, chuva ou sol, inverno ou verão, usavam uma gruta como banheiro. Vc pode imaginar todos os presos usando uma gruta sem nunca limpa-la? Os brancos tinham verdadeiro horror e nojo naquele lugar, então quando os presos perceberam isso, passaram a usar a gruta como sala de conferência, era o único lugar que podiam ficar sozinhos, deixavam mensagens nas paredes, muitas das decisões que estão na atual constituição foram tomas lá dentro. As pedras no centro simbolizam as várias cores das pessoas que passaram por aqui. Esse lugar reflete tanta luz que as pessoas ficam cegas.

Os setores da prisão são separadas por categorias de presos, religião e raça.

cela que Nelson Mandela passou 8 anos

É incrível sentir a dor e o frio do silêncio dessa ilha. Como suportar tanto tempo dormindo no chão de cimento?

O alarme na porta, as lágrimas da parede, as cicatrizes dos travesseiros, as manchas nos tecidos, estampam sutilmente a dor e o isolamento dos presos políticos que almejavam apenas a igualdade de direitos humanos.

Entre uma catarse e outra, imaginei que apenas os fios de cabelo, as sujeiras e os excrementos podiam se libertar de seus corpos e fugir pelos esgotos.

Sem família, sem cartas, sem jornais, só o profundo isolamento. A meta de cada um era superar o frio, os reumatismos, as pneumonias e as diarréias as dores de cabeça, os choques elétricos de cada dia e sobreviver.

o caminho da liberdade

Foi também superando todos outros homens que Nelson Mandela sobreviveu e perdoou seus 26 anos passados em Robben Island. A superação humana e o perdão se tornou uma bandeira de paz e liberdade, que pode ser vista no filme Invictus de Kenneth Turan. Aqui, hoje, véspera da Copa do Mundo, depois de várias campanhas na TV sobre como ser gentil e respeitar a união entre os povos, todos procuram, ser simpáticos, pelo menos formalmente, quando te cumprimentar socialmente na rua.

a saída da ilha

Passar a tarde em Robben Island, a princípio me apavorou, depois saí daqui com esse sentimento de perdão e de superação dos limites, da paciência de poder esperar o momento certo pra conseguir melhorar o mundo.

“O perdão liberta o coração. A reconciliação limpa o medo por isso é uma arma tão poderosa, …temos que surpreender com compaixão e generosidade”.

Nelson Mandela

Mandela, “passou 67 anos de sua vida se dedicando ativamente a promover e conseguir a mudança social” e por causa disso, a Fundação Nelson Mandela, de Johannesburgo, sugere qua, anualmente, no dia 18 de julho “As pessoas dediquem simbolicamente pelo menos 67 minutos de seu tempo para servir suas comunidades em qualquer coisa que quiserem”. É uma boa iniciativa!

sombras, reflexos e desejos de me inspirar na sua perseverança e paciência

Bia Fioretti, repete o discurso de liberdade e igualdade, das últimas semanas, essa foi a mensagem que eu levei para a Africa do Sul (fui pra lá falar da universalidade dos sentimentos entre as parteiras de todo mundo) e trouxe de volta para o Brasil, um discurso ainda maior, de iguladade entre todas as pessoas no mundo.

 Obrigada Madiba por esse encontro e por essa lição de desapego e liberdade de alma.


WHILE WE WILL NOT FORGET
THE BRUTALITY OF APARTHEID
WE WILL NOT WANT
ROBBEN ISLAND
TO BE A MONUMENT
OF OUR HARDSHIP
AND SUFFERING
WE WOULD WANT IT
TO BE A TRIUNPH
OF THE HUMAN SPIRIT
AGAINST THE FORCES OSF EVIL
A TRIUNPH OF WISDOM
AND LARGENESS OF SPIRIT
AGAINST SMALL MINDS
AS PETTINESS
A TRINPH OF COURAGE
AND DETERMINATION
OVER HUMAN FRAILTY
AND WEAKNESS

Ahmed Kathrada 1993


192 Estados-membros da Assembleia Geral da ONU escolheram o dia 18 de julho como Dia Internacional Nelson Mandela, assim o dia do aniversário do ex-presidente sul-africano é comemorado Dia Internacional do Ativismo.

Essa é uma forma de recompensar Madiba que dedicou sua vida às causas que a ONU defende na conduta sobre os conflitos inter-raciais, pelos direitos humanos e a defesa entre a igualdade dos sexos



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Quem ganhou a copa foi a África do Sul


pelada na praia em Durban mas poderia ser em Copacabana

A Espanha levou a taça da Copa do Mundo 2010, mas quem realmente ganhou com a copa foi a África do Sul.

Os espanhois mereceram o título, valeu para unir um país tão dividido em torno de uma só bandeira, é como um balsamo pela crise que estão passando. Fui a Madrid, em março de 2010, realmente só se avalia de perto como é grande o desemprego e como o poder aquisitivo foi afetado.

paisagem em terras Zulu

Mas também estive na África do Sul, um país movido da paixão pelo Rugby, quem gostava de  futebol era uma pequena minoria

vista de Pretória, olha a bola na antena de TV

Por ironia do destino, a Holanda (o país de orígens dos africâneres) estava na final, aqueles que faziam a apologia do Rugby e não entendiam nem as regras do futebol,  agora torciam fervorosamente por seus ancestrais. A Holanda significa para os africâneres o que Portugal representa para os brasileiros (a população de imigrantes na África do Sul, desde sec.XVII é formada por holandeses, alemães e ingleses).

Jacarandás nas ruas de Jbourg

Há alguns meses a maioria de nós imaginávamos que a África do Sul era o território de animais selvagens, mas lá também tem pinguins e leões marinhos ( dá pra acreditar?). Poucas pessoas sabiam como eram as cidades, as praias com o surf, a série de  farois no oceano, as marinas, as montanhas. Quem diria que Jbourg e Capetown era tão frio e chuvoso. Os estádios magníficos, automatizados, os aeroportos totalmente repaginados, as estradas ampliadas. Isso tudo a um custo de muitos cortes (só quero ver como será por aqui), ouvi falar na redução do investimento da saúde e educação. A conta pra pagar agora é bem grande.

Durban tem a maior colonia hindú fora da India e muitos mulçumanos tbém, vc vê pessoas de todas as raças cores e nacionalidade andando na orla da praia

Em maio, a população temia pela segurança das ruas, mas pelo que foi dito na TV, durante a copa, as cidades estavam super policiada, mas escutei de alguns amigos que estão lá o temor deles na hora que os turistas forem embora.

Table Mountain, Cape Town, a montanha que tem o topo plano naturalmente, linda!

Hoje a África do Sul saiu das páginas de esporte, volta para as noticias de cidadania e  diretos humanos e pra nós também passa para o caderno de turismo e meio ambiente. O Soweto deixa de ser o lugar da luta pelos direitos humanos e passa também a ser um lugar de confraternização. Durban e Port Elisabeth deixam de ser visto apenas pelo oceano Índico e ganha um foco ocidental.

a vista da Table Mountain

Cape Town no postal da sua Table Mountain e a peninsula do Cabo da Boa Esperança (dos lugares mais lindos que já estive) foram declarados, por Nelson Mandela, no dia do meio ambiente “ Um presente da Terra”, a  África do Sul é signatária da Convenção da Diversidade Biológica, onde  tive contato com florais medicinais que são extraídos de flores que só nascem nesse lugar.



Nelson Mandela não foi na abertura dos jogos, mas nos contagiou na final, prestes a comemorar 92 anos, com o carisma do verdadeiro anfitrião dos direitos humanos. A ONU declarou  18 de julho o dia Internacional de Direitos Humanos. O topo da montanha totalmente plano pode ser uma metáfora perfeita, de um cnário para ser colocado todas as nações num mesmo nível de igualdade de direitos

“Por isso essa montanha, pela península, e por toda vida contida nela, nutre, protege e inspira essa preciosa gema natural do mundo, que nunca seja esquecida. Essa montanha e essa península pertence a todos nós, nos temos o mesmo compromisso e acreditamos que com esse cuidado e proteção de todos nós de todos que vieram antes e de todos que virão depois.”

Depois de julho de 2010 as vuvuzelas gritaram alto, todos nós sabemos reconhecer a bandeira da África do Sul: com sua somatória de cores. Nós ganhamos um novo horizonte e eles ganharam uma projeção e divulgação de todo seu patrimonio físico e humano.





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Bafana Bafana, Vuvuzela e Shosholoza


Essas palavras entraram no nosso vocabulário depois da Copa na África do Sul

Bafana Bafana (rapazes, rapazes) – nome popular do time de futebol da África do Sul, (é como a nossa antiga seleção canarinho). Todo mundo usou uma camiseta Bafana Bafana pra dar uma forcinha pra eles. Eu vim com a mala cheia, pra dar de presente pra todo mundo, namorado, filho, irmão….

O esporte mais popular na África é o hugby,  todo mundo só fala nele, pricipalmente depois da campanha do Mandela com o time (veja o filme Invictus) que ajudou a colaborar com minimização das diferenças raciais. Futebol era o esporte mais comum entre as pessoas de baixa renda, visto em comunidades como Soweto, onde está o estádio ( basta o que passou na tv quem fez barulho em volta do estádio, são os turista, os adolescentes e os habitantes do bairro). Em algumas cidades como Johannesburg ainda há muita segregação O presidente da África do Sul, que é da tribo Zulu, para aumentar o envolvimento entre todas as classes sociais decretou, durante a copa, toda sexta-feira é a friday soccer e todos estavam liberados de usar uniforme e terno, pra usar as camisetas verde-amarelo. Era hilário, todo mundo nas escolas, hospitais aeroportos, restaurantes vestidos com as populares camisetas Bafana Bafana.

 

camiseta oficial

 

A camiseta oficial da África do Sul  custa Rand 600,00 quase US$100,00, é bem cara, na loja da FIFA em todos os aeroportos e shoppings, mas se vc quer comprar a camiseta escrita Bafana Bafana, o ideal é na Pick n Pay, um supermercado popular com os preços mais baixos que encontrei, custa uma media de Rand 90,00 a Rand 180,00


 

Dizem que 3 vuvuzelas tocando juntas já estouram nossos timpanos.

 

Vuvuzela é uma corneta de um metro de comprimento, que os torcedores tocam sem parar. A origem do nome pode ser Zulu “fazer barulho“, ou “vuvu” som que a corneta faz, ou ainda de gírias locais relacionadas à palavra para “chuveiro.”

O som delas está em todo lugar, na rua, na abertura da vinheta da tv, tem de todos os preços, de 40 a 200 Rands (lógico que me arrependi em ter trazido algumas pra casa). Nesse video eles ensinam a tocar.

 

Eu vi esse chapéu que ganhou o 1º prêmio em um concurso de torcida

 

Repare nos chapéus. Eles pegam um capacete, desses de obra e customizam, esse é uma outra característica da torcida da África do Sul entre todas as classs sociais.

Sholozasholoza é  hoje umas das canções mais populares entre todas as pessoas da África do Sul, mas originalmente era cantada por mineradores na minas de carvão ( no caso eram homens e de origem Zulu). Essa canção é uma súplica, um desabafo uma resposta enquanto trabalhavam em condições precarias. Hoje ela foi democratiza. Depois foi regravada para ser tema da vitória do Rugby World Cup, representando a união entre as raças com toda emoção e energia. Essa música é um dos temas do filme Invictus (Kenneth Turan) e já foi regravada em muitas versões e está sendo a trilha de todas as reportagens na tv, até no Jornal Nacional mas eu achei essa versão mais moderninha.

Me emocionei quando o time dos Bafana Bafana, liderado pelo nosso Parreira, deu uma camiseta para Nelson Mandela, como no filme Invictus. Tocaram as Vuvuzelas enquanto o povo cantava Shosholoza do lado de fora(a marcha para o trabalho).

 

 

morri de inveja do Parreira que esteve com Madiba

 

Isso é mama África!

Depois de ter passado um mês na África do Sul e com todo o meu envolvimento com o outro continente, posso considerar que meu segundo time, mesmo depois da copa é o Bafana Bafana

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